É mesmo o olho do dono que engorda o gado?

É mesmo o olho do Dono é que engorda o Gado?

Esta é uma frase bastante comum, que habitualmente ouvimos de algumas pessoas quando o assunto é administração de um negócio próprio.

Com muita freqüência ouço pessoas insistindo em defender este modelo administrativo como o melhor caminho para fazer com que um negócio prospere, e foi justamente por este motivo que resolvi trazer este assunto para cá.

Não irei dizer que adotar este tipo de prática seja errado ou que não apresente resultados, totalmente pelo contrário, acredito sim, que se aplicado, este tipo de controle e de fiscalização, as coisas estarão bem enquadradas ao que o administrador imagina e julga ser o melhor para o seu negócio, pois pelo próprio fato dele estar “full time” no negócio, controlando cada passo de seus funcionários, hora a hora, minuto a minuto, com toda a certeza, os padrões de trabalho estarão garantidos e serão mantidos conforme o seu desejo de “Dono” deste negócio.

Minha intenção, ao trazer este assunto, não foi a de simplesmente concordar com isso e pronto, mas foi sim, a de trazer outro ponto de vista a cerca deste tema, principalmente pelo fato de particularmente não acreditar que esta seja a melhor forma para administrar uma empresa ou um negócio, a menos que estejamos falando de uma empresa tão pequena que não necessite de muito mais pessoas do que o próprio dono para que seja administrada.

Defendo a profissionalização dos negócios, não importando se de forma simples ou mais complexa, pois só assim conseguiremos ter uma visão mais clara dos negócios como se estivéssemos olhando para um mapa. Sendo assim, como forma de contribuição para uma reflexão mais ampla sobre este tema, gostaria de apresentar três aspectos os quais creio serem fundamentais para que tenhamos um melhor sistema administrativo e por conseqüência não tenhamos que adotar este modo para que as coisas possam dar certo:

 Primeiro) Administração participativa – Fazer com que cada integrante da equipe possua além de suas atividades, as devidas responsabilidades sobre os resultados. Trabalhar de forma clara e transparente permitindo que a criatividade dos profissionais possa ser desenvolvida e colocada a prova. Grandes empresas como Microsoft, HP entre outras tantas de tecnologia, já perceberam a importância de compartilhar com os seus colaboradores estas questões que dizem respeito principalmente aos resultados alcançados.

Segundo) Processos e controles eficazes – Implantar sistemas de trabalho e de controles que ofereçam informações claras e precisas sobre a evolução das coisas. É claro que se não planejarmos, monitorarmos, avaliarmos e estivermos muito atentos às oscilações do mercado, estaremos muito mais expostos a sofrer com os impactos destas alterações, pois as mesmas nos pegarão de surpresa. Não podemos nos esquecer que atualmente estamos vivendo uma era onde o conhecimento é uma das principais ferramentas competitivas que uma empresa pode possuir. Já trabalhar com estas informações é que faz a diferença e traz grandes ganhos a qualquer negócio ou gestor. Peter Drucker já defendia, “os grandes ganhos de produtividade, daqui para frente, advirão das melhorias na gestão do conhecimento”. Sendo assim, trabalhar com o conhecimento e as informações é possuir elementos que favoreçam as tomadas de decisão que irão nos conduzir à vitória ou ao fracasso. Sun Tzu em seu livro a Arte da Guerra aborda de forma enfática questões como essa quando fala de suas estratégias de guerra, Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas…”

Não tenho dúvida que da mesma forma tais informações sobre nossa empresa, nosso desempenho, nossos concorrentes entre outras tantas, nos ajude a administrar melhor e com mais clareza, porém para isso precisamos desenvolver processos de trabalho, controles e indicadores estratégicos claros e eficazes o suficiente para oferecer o que necessitamos.

Por fim, o Terceiro aspecto) Relacionamento com os colaboradores – Trabalhar de uma forma que não seja preciso ser nem o “amigão” nem o “carrasco” para conseguir algum tipo de resultado da sua equipe, mesmo por que, tenho certeza de que qualquer um destes caminhos leva apenas a criar climas que não contribuirão de forma positiva.

Sei que até parece simples, mas a complexidade das ações individuais que contribuem para construir esta estrutura exige muita dedicação, trabalho, esforço e por muitas vezes a ajuda de profissionais especializados, não esquecendo nunca que, além disso, devem estar sempre baseadas em pilares sólidos de transparência, respeito e confiança.

Para concluir volto ao início dizendo que o “olho do dono pode até engordar o gado, mas é um desperdício ter que ficar olhando o gado enquanto temos tanta coisa boa para fazer, não acham?

Um abraço a todos e até o próximo.

 

Por

Renine Jarussi