Tempos de crise

Olá Amigos,

Não tem como não falar de crise não é?

Para poucos, uma simples “marolinha”, já para outros um verdadeiro Tsunami, mas que ela está ai, isso está.

O que quero comentar não é justamente sobre a crise em si, mas sim sobre algumas conseqüências dela e também sobre algumas simples ações as quais ela nos abriga a adotar.

Infelizmente muitos não conseguirão atravessar este mar de contas altas e sucumbirão ante as despesas que acabarão sendo maiores do que as receitas, porém devemos buscar saídas para suportar e superar este momento o qual certamente passará.

Talvez muitos não tenham passado pela última grande crise que tivemos no Brasil, que foi no final dos anos 90, quando do início do plano Real e transição do nosso país, com a abertura das porteiras internacionais, entre outras coisas que todos já sabemos.

Temos ouvido muito sobre apertar o cinto, cuidar das contas, despesas, tal e tal, mas isso é muito lindo, assim como tudo que se fala, afinal é como diz o ditado, não é? “A teoria na prática é outra coisa.” enfim, o problema é como apertar o cinto e como cuidar mais e melhor das contas se vivemos em um país, com uma economia onde temos que trabalhar mais de 150 dias somente para pagar impostos.

Vivendo num país como esse (surreal), e diante de um cenário destes, somado ao fato de estarmos no meio de uma crise onde a renda do trabalhador caiu, o volume de faturamento da maior parte das empresas caiu e somente as despesas não param de cair e estão apenas aumentando, temos mesmo é que dar uma boa parada e refletida para tentarmos enxergar o que podemos fazer, porém de forma consciente e não desesperada.

Difícil isso não é? Eu sei… eu também estou sofrendo esta crise assim como a grande maioria.

Infelizmente já vi muito executivo, tomando medidas eu diria exóticas, para reduzir despesas, mas isso será tema para outro post. O que eu acredito é que neste momento, não adianta nada cortar o copinho descartável ou pedir para economizarem no papel higiênico, o que precisamos fazer é algo um pouco mais inteligente do que isso, mesmo por que isso não representa nada em uma conta de despesas. Precisamos passar a compreender muitas coisas que antes não precisávamos, entre elas, despertar para os custos invisíveis, coisa que muita gente já ouviu falar, mas na pratica acaba não dando  a mínima (assunto para novo post também).

O que quero dizer é que metaforicamente se estivermos numa correnteza que insiste em nos levar para a cachoeira, não adianta nadar contra a correnteza, pois iremos cansar e aí sim morreremos afogados. O que temos que fazer é encontrar uma forma de ir nadando em direção diagonal para tentar em algum momento chegar à uma margem do rio, para então conseguir agarrar algum galho e aí sim termos a chance de sair dessa com vida.

Peço que me perdoem pela forma figurada de falar, mas é isso mesmo que está acontecendo com muitos, independente de terem experiência ou jamais terem vivido algo semelhante.

Acredito que primeiramente, temos que analisar cautelosamente toda a nossa planilha de despesas e fazer uma classificação, apontando nesta planilha o grau de importância, considerando as questões estratégicas no negócio em questão.

Se não tiver planilha ou os controles em dia, ai sim piorou! Será hora então de começar a fazer a lição de casa e buscar ajuda para construir algum tipo de controle que ofereça uma condição de enxergar o seu negócio de forma a você saber detalhadamente o que você tem nas mãos.

Aí sim, avaliar cada despesa e seus impactos, cada investimento e seus retornos e cada ação e suas conseqüências.  Tendo sempre em mente que em um momento como esse, não podemos dar ao luxo de correr riscos cuja probabilidade de erro seja maior do que a capacidade que o bolso possui para pagar.

Juntamente com os controles das despesas, precisamos também ter os controles que dizem respeito às vendas, faturamento, movimento, volumes, estoques e assim por diante.

Em posse destes controles o exercício é o mesmo, estudar, analisar, avaliar, ponderar, inovar e aplicar novas formas de incrementar as vendas e novas medidas para uma economia inteligente.

Algo muito lamentável que estou acostumado a ver em empresas que conheço é o fato de muitas delas não terem o habito de trabalhar as informações estratégicas do seu negócio, e não estou falando de microempresas não, é triste crer mas muitas empresas de porte razoável cometem esses pecados.

Vamos pegar como um exemplo qualquer, um restaurante de comida por quilo. Em um negócio como este, não adianta apenas fazer uma promoção para que o cliente ganhe 50% de desconto na sobremesa ou a cada 10 refeições o cliente ganhe uma inteiramente grátis. O importante é aliar a este tipo de ação algo como, por exemplo, analise do nível de desperdício na cozinha, na hora do preparo ou então quanto de alimento jogamos fora por dia, por falta de controle na hora de estimar a quantidade a ser preparada. Indo um pouco mais longe, avaliar o índice de satisfação do cliente para saber se ele gostou ou não da comida e principalmente do atendimento  para saber se ele voltará ou não, afinal é ele que nos traz o dinheiro, não é?

Estão compreendendo que uma medida isolada, apenas funciona como aquele que corta o copinho de café e acha que esta fazendo uma economia fantástica?

Não vou dar receita alguma aqui, mas vou sim alertar para que tenhamos mais tempo para pensar e refletir no nosso negócio, como um todo, pois afinal estamos em crise não é?

Vamos por as coisas no papel, fazer contas, usar mais a nossa cabeça, medir avaliar, aplicar e monitorar. Mais para frente falarei sobre uma ferramenta chamada PDCA que é muito legal e ajuda bastante, mas hoje queria apenas dar esta palavra sobre a importância do refletirmos e medirmos cada ação, cada conta, cada despesa, cada dado e cada investimento, para que assim possamos ter informações que ajude a tomar decisões mais sábias e profissionais para então termos a oportunidade de atravessar esta crise, e ai sim sairmos mais fortes de tudo isso, que infelizmente, estamos sendo obrigados a viver mais uma vez.

Por fim não posso deixar de dizer também que em algumas vezes temos que chegar a um ponto onde a decisão não é nada fácil, onde precisamos decidir em manter o negócio, nos desfazendo de conquistas passadas ou então assegurar o que já foi conquistado e tomar a cruel decisão de fechar o negócio.

Amigos, digo a vocês que um dia na minha vida eu já tive que tomar uma decisão como essa e não nego que naquele momento da minha vida, foi uma das piores coisas que me aconteceu, mas como acredito que nada é por acaso, hoje agradeço a Deus por ter vivido aqueles momentos, pois caso contrario, eu estaria lá até hoje, do mesmo jeito, e com toda a certeza não estaria aqui escrevendo este Blog.

Grande abraço e até breve

Renine Jarussi